The Myrrors



Pouco se sabe ou se encontra sobre os Yspelhos (trocadilho irresistível e idiota, como de costume) pelas dimensões infindáveis da internet, mas o que encontrei já foi suficiente para que a banda figurasse incessantemente no meu mp3 e na minha tracklist. Não sei sobre suas origens e nem muitos detalhes sobre seu percurso; só sei que o quarteto que dá carne a banda vem de Phoenix, Arizona, USA, e que lançaram um único full-length em 2008 e cessaram atividades no final de 2009, infelizmente.

Mas vamos ao que realmente importa: sobre a música dos rapazes, temos aqui um representante legítimo do legado deixado pelo Stoner/Proto-Doom Metal do Black Sabbath, pelo Psychedelic do Pink Floyd (Syd Barrett era, especialmente), do Kraut-Rock, da cena do Palm Desert, e do legado constrúido em sólido firmamente por bandas contemporâneas do chamado Neo-Psychedelia, tipo Black Angels, Asteroid #4, Morning After Girls. Os rapazes se enveredam por jams que levam facilmente o ouvinte, ora a redes cósmicas jamais tocadas e sonhadas por nenhum humano, ora as paisagens desoladas e incandescentes do deserto do sudoeste estadunidense, ora a mundos arcanos e esotéricos recortados diretamente das obras do Jodorowski. Tudo preparado com os melhores codimentos alucinógenos que existem na neurologia e farmácia atuais, claro. Para melhor visualização e degustação, basta conferirem logo de cara a faixa Warpainting, um dos pontos altos do álbum, e saberão do que estou falando agora...

Bem... não resta nada mais a dizer, né? Aproveitem!


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[2008] Burning Circles In The Sky

01 - The Mind's Eye
02 - Plateau Skull
03 - Burning Circles In The Sky
04 - Warpaintings
05 - Mother Of All Living


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Les Discrets




Les Discrets é um projeto oriundo da França, criado pelo artista gráfico Fursy Teyssier como a faceta musical de sua expressão artística. Além de ter sido membro do já finado Amesoeurs, ele também é responsável pela arte gráfico da banda Alcest, postada ontem mesmo por aqui, assim como nomes interessantes como o próprio Amesoeurs, Agalloch, The American Dollar e outros projetos que divagam entre a linha do Metal, Post-Rock e Shoegaze.

Já sobre o trabalho musical em si do Les Discrets, pode-se perceber influências das bandas que ele trabalha, ou já trabalhou. Tendo a sua primeira demo lançada em 2007, homonimamente, desde já percebe-se um Post-Rock com nuances de Shoegaze e Black Metal realizado com desenvoltura, apesar de abafada um pouco pela qualidade modesta da produção. Mesmo assim, já ficava para cada um a dica de uma banda promissora a ser checada num futuro bem próximo, pois talento apresentava de sobra. E eis que o prelúdio desse dia chegou no final de 2009, com o split lançado com seu miguxo do Alcest, na qual apresentavam duas músicas novas (brilhantes, devo dizer) e mais uma canção dessa demo. Mas não foi até esta semana que o seu primeiro álbum veio à mostra, sob o nome de Septembre Et Ses Dernières Pensées, refletindo toda a qualidade prometida desta aquela época.

A linha sonora é bem similar, mesmo, a do Alcest. Timbres BM fundem-se e condensam-se a uma estrutura Post-Rocker muito bem temperada com Shoegaze, onde sua temática voltada à natureza e temas árcades nutrem uma certa sensação melancólica, talvez nostálgica, em cada um que tem a chance de desfrutar de seu trabalho. Apesar da resenha aqui parecer bastante com a que escrevi ontem mesmo sobre o Alcest, devo salientar que não se trata, de modo nenhum, de um copycat. Les Discrets possui uma identidade própria bem evidente, apesar de se situar no mesmo nicho da outra banda. Como diferencial, vejo (ou melhor, escuto) canções um tanto mais serenas e fleumáticas, apresentando mais uma contemplação a natureza e antigas emoções do que senti-las em seu pleno ardor, deixando um sabor mais neutro e menos doce do que o Alcest, eu diria.

Acho que, com esses três parágrafos, já é possível ter uma boa noção do que se trata esse post aqui. As bandas prometeram lançar seus trabalhos em conjunto, logo, nada mais natural do que termos esta postagem aqui logo após a do Alcest. Como sempre, espero que apreciem-o bem. 'Til next time, guys.

//Edit: Novo álbum do Les Discrets fresquinho para vocês, galere. Tá magnífico e sublime, mantendo a verve do primeiro trabalho: Post-rock sob camadas de Shoegaze recheadas de uma grande nostalgia bucólica que poucos conseguem evocar com tanta riqueza e completude. Já nasce como um dos grandes lançamentos de 2012, que, aliás, começou muitíssimo bem. E, somente minha opinião, este CD ficou ainda melhor do que o Alcest novo. Apreciem!


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[2012] Ariettes Oubliees...

CD1:
01 – Linceul d’Hiver
02 – La Traversee
03 – Le Mouvement Perpetuel
04 – Ariettes Oubliees I Je Devine a Travers Un Murmure…
05 – La Nuit Muette
06 – Au Creux de l’Hiver
07 – Après L’ombre
08 – Les Regrets

CD2:
01 – Le Souffle Froid
02 – Ariettes Oubliees II Il Pleure Dans Mon Coeur…
03 – L’Échappée – Acoustic version


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[2010] Septembre Et Sés Dernières Pensées

01 - L'envol Des Corbeaux
02 - L'échappée
03 - Les Feuilles De L'olivier
04 - Song For Mountains
05 - Sur Les Quais
06 - Effet De Nuit
07 - Septembre Et Ses Dernières Pensées
08 - Chanson D'automne
09 - Svipdagr & Freyja
10 - Une Matinée D'hiver


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The Soft Moon




Projeto desenvolvido e nutrido pelo seu único criador, um norte-americano da California que atende por Luiz Vasquez (ou seja, deduz-se aí que o rapaz possui sangue latino), temos aqui talvez um dos melhores nomes do Post-punk contemporâneo e com boas sobras. Valendo lembrar antes de qualquer coisa: por Post-punk não adicionem o "revival", ou seja, não há quase semelhança alguma do TSM com gente a la Interpol e Bloc Party. Nada contra eles, mas o projeto aqui encontra-se num nível totalmente diferente. Já explico o por quê.

Primeiro, a lua macia vai além dos contornos comuns do gênero. Além do já citado Post-punk, percebemos facilmente muita coisa extraída mais diretamente do Coldwave francês, o que torna seus reinos sônicos ainda mais gélidos e soturnos. Segundo, não tem medo de experimentar e flertar com domínios eletrônicos em vários momentos, onde estes são orquestrados com extrema habilidade e ajudam ainda mais a aclimatar o ouvinte em seu microcosmo sonoro. Terceiro: muitos ecos (literalmente!) de Shoegaze e Dream Pop se fazem marcantes também, conferindo novas texturas e maior densidade a sua música, com isso aumentando aquele senso "otherworldy" na mente do ouvinte que já se encontra atordoado no momento. E, por que não, pitadinhas de Krautrock aqui e acolá? Faz bem, não? Taí o quarto item.

Em suma, trata-se de uma das melhores OST de um mundo pós-apocalíptico e absurdamente desolado, comandado por criaturas surreais e fantásmicas. Deixo aqui o trabalho mais recente, o EP Total Decay. Tem pouco mais de 20 minutos, somente, mas justamente essa urgência e incompletude captura a quintessência da "banda": vazio e desolação de sabores oníricos. Recomendo e muito para fãs de Asylum Party, Killing Joke, Sisters of Mercy, A Place To Bury Strangers, Zola Jesus, Vinyl Williams, Menace Ruine.

Enjoy!


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[2011] Total Decay

01 - Repetition
02 - Alive
03 - Total Decay
04 - Visions


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