Nosound




Estava "passeando" pelas terras do last.fm calmamente até que me deparei com um tal de Nosound. Logo de cara, o nome me chamou a atenção, bem como o título de seus trabalhos (Lightdark, por exemplo), formando paradoxos interessantes.

Depois, comecei a ouvir algumas faixas disponíveis no próprio last.fm para streaming, e me surpreendi ainda mais. O não-som se dedica a fazer um som (trocadilho irresistível, foi mal) calcado no Rock psicodélico e progressivo do final dos 60/começo dos 70 e influências marcantes, também, de Post-Rock à la Sigur Rós e música ambiente tipo Brian Eno.

Até aí, nada de tão excepcional, já que atualmente vem surgindo várias bandas que se dedicam a essas quimeras (Porcupine Tree a frente delas), mas o que impressiona é a maestria e naturalidade que eles regem essas influências e constroem suas músicas, pintando e tecelando paisagens sonoras num tom onírico e nostálgico, muitas vezes caindo para uma melancolia "saudável" típica de um final de tarde frio e nublado em que você assiste o crepúsculo e o cair da noite passar junto com as águas de sua consciência e o fluxo de seus pensamentos, construindo uma atmosfera serena e muito aprazível de se ouvir em qualquer momento, especialmente aqueles mais reflexivos e solitários.

Se você gosta do Porcupine Tree na fase The Sky Moves Sideways/Signify, Pineapple Thief, Lunatic Soul e Sigur Rós na fase Agætys Byrjun, Lightdark então é um álbum recomendadíssimo. Enjoy it. ;)


//Aproveito a deixa do tópico antigo para colocar aqui o novo trabalho da banda, batizado de A Sense Of Loss. Eu só escutei-o duas vezes até o momento, mas é notável que a banda segue o mesmo direcionamento do Lightdark, ou seja, um Prog Rock downtempo, sereno e atmosférico, pintado com tons surrealistas de nostalgia e melancolia etérea.
Fico espantado de ver que uma banda dessas desfruta de tão pouco conhecimento e reconhecimento do público, pelo menos até o momento. Por isso, divulgo aqui o novo trabalho, na esperança de reverter esse panorama. Espero que apreciem-o. ;)


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[2010] A Sense Of Loss

01 - Some Warth Into This Chill
02 - Fading Silently
03 - Tender Claim
04 - My Apology
05 - Constant Contrast
06 - Winter will Come


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[2008] Lightdark


01 - About Butterflies And Children
02 - Places Remained
03 - The Misplay
04 - From Silence And Noise
05 - Someone Starts To Fade Away
06 - Kites
07 - Lightdark


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The Mount Fuji Doomjazz Corporation




The Mount Fuji Doomjazz Corporation
é um nome pomposo e um tanto bizarro, porém, de alguma maneira pode soar déja vu para alguns frequentadores do blog, ou mesmo alguns coinesseurs de congêneres. Isso porque a banda nada mais é do que o alter ego do The Kilimanjaro Darkjazz Ensemble, banda que já figurou nos nossos posts há algum tempo, sendo inicialmente criada por Jason Kohnen e Gideon Kiers, em 2000, com uma proposta de desenvolver algo que remetesse as trilhas sonoras de filmes mudos antigos, tais como Metropolis e Nosferatu. Evoluindo de um duo para uma banda de 6 membros, o ano de 2006 viu nascer o primeiro trabalho do TMFDC (abreviar é preciso, leia da menos esforço sempre operante), batizado de Succubus, nome que segundo a mitologia simboliza um demônio feminino que invade os sonhos do homem e absorvem sua energia através do prazer sexual.

Apesar dessa informação ser aparentemente solta, a sensação emanada por cada uma das 13 peças que compõem o álbum traduzem bem a aura deste mito. A começar pelos títulos um tanto, digamos, pervertidos, as músicas são regidas num ritmo lento que às vezes (não muito frequente) ganha velocidade e impacto em momentos de maiores tensões. A parte disso, elas ainda são revertidas por uma atmosfera noir nefastamente saborosa, sem medo de evocar essências obscuras e profanas, construindo assim algo maldito ainda que profundamente envolvente e sensual, por muitas vezes, transitando entre o cosmos do Dark Ambient, Drone e Jazz com igual perícia e desenvoltura.

Depois de ter ouvido este CD com alma, me arrependo e muito de não ter-lhe dado a devida atenção assim que peguei. Imaginei que seria somente uma "distração" do TKDE, talvez destituído de seu brilho e qualidade, mas não podia estar mais enganado. Talvez seja a banda que mais se aproxima do Bohren & Der Club Of Gore na idéia de fundir o Jazz com música ambiente com sabor noir, apesar do foco maior do Mount Fuji esteja no Ambient e não no Jazz em si. No entanto, rotulações e catalogações sonoras a parte, é um puta álbum. Digno de se ouvir em noites chuvosas, no fim da madrugada de preferência, munidos de bons headphoes.

Bom, taí o recado. Enjoy it. ;)


[last.fm]





[2006] Succubus

01. The Sexy Midnight Torture Show
02. Erotic Love Queen
03. Strange Dreams
04. Castles By The Sea
05. The Admirals Game
06. The Morning After
07. Perverted Pleasure Party
08. A Bad Trip
09. A Place For Fantasies
10. Murder Amongst Mannequins
11. Fleeing The Scene
12. Deadly Rehearsal
13. Faustine


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Njiqahdda




Njiqahdda é um dos projetos mais instigantes e misteriosos do Black Metal contemporâneo. Aparentemente, foi formado em 2006 por dois irmãos, que se intitulam '/' e '__ ' (ótimos pseudônimos, né?), oriundos das terras estadosunidenses. Lançaram, desde então, 7 full-lengths, 2 EPs, 1 demo e 1 split, através de um pequeno selo chamado EEE, sem contar os trabalhos do alter-ego Njiijn, que, diferente (mas nem tanto) do Njiqahdda, tem a proposta mais calcada no Dark Ambient/Ritual.

Sobre a música do Njiqahdda em si, trata-se de um Black Metal profundamente Atmosférico mas permeado de nuances e tinturas psicodélicas, bebendo, ainda, em fontes como Shoegaze, Noise e Dark Ambient em vários momentos. Sua música é altamente influenciada por temas como a natureza, transcendência, meditação, ancestraldiade, etc. o que faz com que cada uma de suas faixas soem como verdadeiras viagens lisérgicas pelos recantos desconhecidos e enigmáticos da própria mente e do nosso cosmo.

Interessante, ainda, é reparar que tanto o nome da banda quanto o dos álbuns e de suas faixas são escritos numa língua que é uma espécie de amálgama de línguas antigas como o nórdico/escandinavo, junto com grego, árabe e inglês, conferindo um tom ainda mais exótico ao seu trabalho, fato que é ampliado, ainda mais, se levar em conta que a maioria da capa dos álbuns da banda são... coloridos! Isso mesmo, coloridos! Algo raríssimo no Black Metal, deva-se dizer. O que mostra a relação estreita que a banda possui com a natureza e a atitude diferenciada que possuem em relação as demais bandas do meio.

No álbum que vos posto, intitulado Taegnuub - Ishnji Angma, pode-se perceber uma mudança sutil de direcionamento de seu trabalho. As músicas estão mais curtas e mais focadas nos terrenos Black Metal, soando mais diretas e brutais, digamos assim, mas sem desfigurar a identidade de seus antigos trabalhos de forma alguma. Mas, ainda assim, as passagens ambientes e psicodélicas se mostram ainda mais profundas e bem delineadas do que outrora, o que demonstra o quanto o Njiqahdda está evoluindo e se aprofundando em seu próprio microcosmo. É um álbum estranho, de fato, mesmo para aqueles já habituados a esquisitices musicais do gênero, mas não deixa de ser um passeio instigante e catártico, válido de ser ouvido mesmo que só em nível de curiosidade ou de experimentalismo. E ele se torna ainda melhor de se ouvir em noites mais frias e chuvosas, devo dizer. ;)

Enfim, aproveitem-o!


//Deixando aqui mais um trabalho do Njiqahdda realizado em 2009, chamado Yrg Alms. Nele, percebo um direcionamento um pouco mais acessível em relação aos trabalhos antecessores, seguindo uma linha que oscila entre o Black Metal atmosférico, com cheiro de mato à la com Drone/Shoegaze à la WITTR, Nadja, Methadrone & cia. Pelo jeito, o duo engatou uma 7ª marcha e tem produzido álbuns e EP's em ritmo industrial (não exatamente no gênero musical, mas sim a indústria propriamente dita, dik), mostrando que eles parecem estar no ápice criativo, porém, tem se tornado praticamente impossível seguir o que eles fazem, tamanha a velocidade que lançam novos materiais. Como este parece ser o últim o full-length de fato e mostram elementos diferenciados e interessantes em relação ao que tinha deixado aqui, resolvi postá-lo, pronto para a degustação de vossas pessoas. Aproveitem-o bem! ;)


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[2009] Yrg Alms

01 - Ingratuu Maate Lagentii
02 - Sombre Fortu
03 - Saavolungaat
04 - Yrg Alms
05 - Abyssii Iiortuu Liomaatiin


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[2009] Taegnuub - Ishnji Angma

01 - Purnakalamanna
02 - Silvaan Mortaa Esk Aal
03 - Njiuni Elova
04 - 'U Finuug Vraam
05 - Ishnji Angma
06 - Taegnuub
07 - Aski
08 - Nil Fyan Utopiia


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Yoga




Quando eu comecei a andarilhar pela internet em busca de informações sobre a banda que pretendia postar, o Yoga, me deparei justamente com esse texto no last.fm deles, a seguir:

“Understand this: Yoga dispenses a sinister frailty of howling swells in hissing static that combusts into crawling shock heaps, to the effect of Mayhem performing Twin Peaks incidentals in a prairie recorded by The KLF. A brief description casts them as black metal’s answer to Throbbing Gristle. The texture-based rendering of their compositions sails them on a strange sea between song and sound effect as it bobs along the waves like a dead man’s bottled message. Aspects of Goblin rehearsals in dead hills is interrupted as Monster Zero carves mountain sides with lightning breath. Oscillating leads pummel into churning riffs as if Caledonia was performed in an echo chamber near Lodi, New Jersey. The extrinsic properties of this work may result in disambiguation.”

Interessante, não? Pois bem, tentando ser um pouco mais objetivo, diria que o Yoga orbita sem escrúpulos e discrições entre os universos do Black Metal, Dark Ambient, Drone e música psicodélica, sendo eles devidamente tecidos com matizes surrealistas que não raramente evocam atmosferas transcendentais e obscuramente esotéricas, soando como um prelúdio para revelações de alto teor apocalíptico. Se desejam ainda algum comparativo para compreender melhor do que se trata tudo isso, digo que nomes como Wolves In The Throne Room, Njiqahdda e Menace Ruine, com ênfase nos dois últimos, podem dar boas respostas para estes questionamentos.

À primeira vista, sua proposta parecer meio caricata, e de fato não discordo. Só que a banda (na verdade, um duo) parece não se importar com isso, querendo justamente usá-lo para difundir o seu projeto e torná-lo acessível aos ouvidos e headphones de muitos pela Terra a fora. No mais, o duo ainda possui o mérito de construir músicas mais curtas, diretas e easy-listening do que a grande maioria de bandas que permeiam o seu gênero, fazendo com que a audição seja menos dolorosa em alguns momentos. No mais, posso dizer que gostei sim, um bocado do que ouvi aqui, e é digno de uma melhor divulgação e reconhecimento pelos recantos interdimensionais do nosso cosmos.


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[2009] Megafauna

01 - Seventh Mind
02 - Flying Witch
03 - Encante
04 - Wagion
05 - The Hidden People
06 - Dreamcast
07 - Fourth Eye
08 - Black Obelisk
09 - Treeman
10 - Warrior
11 - Haunted Brain
12 - Chupacabra's Rotting Flesh


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Under Byen





Under Byen em português significa "debaixo da cidade". Foi formada em 1995 na Dinamarca e faz uma mistura de sigur rós, múm, bjork, e algo mais, bem minimal e muitas vezes sensual. Henriette interpreta as músicas em sua língua natal e encanta (oi?) nossos ouvidos, a banda ainda conta com mais sete integrantes tocando acordeon, violino, cello, harmonica, percussão entre outros instrumentos. Recomendado a quem curte trip-hop, minimalismo e post-rock.
Samme Stof Som Stof foi o último album lançado pela banda, um pouco menos experimental que os anteriores mas ainda assim bastante vivo. "Músicas profundamente harmoniosas, vocais suavemente doces se integram perfeitamente com batidas leves de bateria, um piano celeste e sublimes arcordes eletrônicos."

"Samme Stof Som Stof's sound palette is very hunting and has varied range of grays and blues; each song is like some giant machine on the verge of shuddering apart. Going lighter on the guitar than many of their post-rock peers, Under Byen center their songs around wobbly pianos, melting strings, and shaggy percussion. They thread thin, sneaky melodies through shape-shifting veils of fog. This artfully stressed quality is especially apparent on opening track "Pilot", where Henriette's airy Kim Gordon cool seems to be all that holds the faltering riff and junky percussion together. " (pitchforkmedia.com)

*Aproveitando o post antigo escrito pela Cib, deixo agora o novo trabalho do UB, intitulado Alt Er Tabt. O estilo não muda abruptamente em relação ao álbum postado aqui antes, porém, nota-se alguns elementos diferentes aqui, como um maior foco em partes sinfônicas e orquestradas em detrimento das partes eletrônicas (ainda que elas estejam lá, dando o ar de sua preseça, quando bem lhe convém), assim como músicas mais curtas, girando em torno de 3-4 minutos, algo incomum quando se fala de post-rock e afiliados.

De todo modo, é um álbum encantador e agradável, soando celeste e alegre mesmo pincelado com matizes de melancolia nostálgica em alguns instantes. Recomendado, com forças, para apreciadores do Sigur Rós no álbum Takk e Efterklang. Enjoy!
[edited by: carlos]


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[2010] Alt Er Tabt

01 - 8
02 - Territorium
03 - Alt er tabt
04 - Således
05 - Ikke latteren men øjeblikket lige efter
06 - Unoder
07 - Konstant
08 - Er noget smukt glemt findes det muligvis endnu
09 - Kapitel
10 - Protokol


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[2006] Samme Stof Som Stof

01 - Pilot
02 - Den Her Sang Handler Om at Få Det Bedste Ud Af Det
03 - Tindrer
04 - Heftig
05 - Panterplanker
06 - Af Samme Stof Som Stof
07 - Film Og Omvendt
08 - Mere Af Det Samme Og Meget Mere Af Det Hele
09 - Siamesisk
10 - Liste Over Sande Venner Og Forbilleder
11 - Palads
12 - Slå Sorte Hjerte

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Clouckicker



Cloudkicker é o nome que Ben Sharp, oriundo de Columbus, Ohio, USA, batizou seu projeto. Responsável não somente por toda sua concepção musical, Mr. Sharp também grava, mixa e masteriza seus próprios trabalhos, deixando-os para download gratuito em sua página assim que prontos. Desde a sua concepção, três trabalhos foram lançados: o full-length The Discovery, de 2008, o EP The Map Is Not The Territory, de 2009, e, por fim um EP chamado lindamente de ]]][[[, lançado há poucos dias, contendo três músicas, e sendo ele o que deixarei agora.

Se aprofundando um pouco mais sobre a proposta e trilhas do chutadordenuvens, é notório que ele bebe diretamente da fonte construída por nomes como Meshuggah, valendo-se dos ritmos incomuns, progressivos e matematicamente alucinógenos regados a um peso colossal, lembrando muito seu álbum Catch33 (2005), porém, percebe-se outros elementos musicais aqui, como um certo cuidado em lapidar atmosferas sônicas, fazendo-o se aproximar de nomes como Isis e todo o Post-Metal, sem contar alguns ecos de Drone reverberando aqui e acolá, bem ao estilo de um The Angelic Process, conferindo-lhe assim um sabor diferenciado em relação aos discípulos do Meshuggah.

Todas suas músicas são instrumentais, fato que pode cansar a audição em alguns momentos, em se tratar do estilo de som que o Cloudkicker leva. Porém, afortunadamente, são poucos momentos que isso acontece e nada de grave a ponto de interferir na audição geral e na qualidade de seu trabalho, que mostra-se elevadíssimo em seu profissionalismo em talento, ainda mais considerando o esquema do-it-yourself em que ele é produzido.

Dentre os nomes que povoam o nicho musical em que eles ocupam, certamente este é um que eu postaria vingar, e por tempo longo. Enjoy it!





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[2010] ]]][[[

01 - #
02 - %
03 - $


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Coma Cluster




Aglomerado Coma é a designação dada a um aglomerado de milhares de galáxias situado a uma distância da Via Láctea de aproximadamente 300 milhões de anos-luz e com uma extensão de vários milhões de anos-luz.
Este aglomerado apresenta algumas características que o tornam muito diferente da maioria dos aglomerados conhecidos. No Aglomerado Coma a maioria das galáxias são elípticas, sem estrelas novas, quentes e azuis. Por outro lado, o conteúdo estelar identificável do aglomerado atinge apenas cerca de 2% da sua massa dinâmica. Além disso, descobriu-se que uma fracção substancial (cerca de 10%) da massa total do aglomerado está na forma de gás quente emitindo raios X. Assim, o conteúdo total sob a forma de matéria luminosa é de apenas 12% da sua massa total. Os restantes 88% da sua massa são (pelo menos por enquanto) invisíveis e a sua natureza tem sido alvo de grande especulação.


Interessante, não? Pois bem, cientificismos à parte, o nome da banda (que na verdade, é um projeto musical de um homem só) é importado diretamente deste famoso superaglomerado. Não sei muitas informações além disso acerca dele, além do líder do projeto ser um norte-americano de nome Chris, e seu myspace ter sido fundado em 2007 e ter lançado, até então, um EP (Extrasolar) e um full-length (que leva o nome do projeto) em 2009, além de um EP à vista em 2010.

Isso pode dar a impressão de que o post aqui se trata de alguo tosco, primitivo e ainda carente de lapidação, mas aí que reside um torpe engano. Claro, apesar de ser um projeto ainda jovem e não ser nada transcendental, revolucionário e altamente original, o Coma Cluster entrega um Post-Rock com toques leves de Shoegaze e Ambient altamente honesto e agradável de se ouvir, suas músicas calcadas em construir atmosferas siderais que vão evoluindo em explosões supernóvicas (?) com o passar do tempo, tornando-as verdadeiras viagens épicas para recantos longíquos e insondáveis do cosmos.

Deixo aqui o primeiro EP, intitulado Extrasolar, pois é o meu trabalho favorito até o momento. Sei bem que o número de bandas de Post-rock eclodindo pela Terra a fora é mais do que ela mesma deve ser capaz de suportar, o que dá origem a cópia das cópias das cópias e que acabam por saturar o gênero, fato que pode fazer alguns torcerem o nariz para este post, porém, penso que esse trabalho aqui é uma ótima amostra de como pode se fazer algo interessante neste estilo sem que, para isso, soe maçante, presunçoso e antinatural.

Bem, está aí a mensagem. Enjoy it!


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[2009] Extrasolar

01 - Bellerophon
02 - Mathuselah
03 - Osiris


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ps: All the albums are for free.

Univers Zero




Para falar-lhes do Univers Zero, é necessário voltar quase 40 anos na história, mais precisamente no ano de 1974, mais precisamente na Bélgica. Naquela era, marcou-se o ponto de inflexão na curva de ascenção das bandas que vieram a estabelecer as raízes do Hard e Stoner rock, bem como do Rock Progressivo e psicodélico como um todo, onde várias dessas bandas passaram a sofrer baixas no seu line-up e começam a perder forças para outros movimentos musicais que vieram a culminar alguns anos depois, como o Punk Rock e a Disco Music, que floresceram de vez nos idos de 1977-1978.
No entanto, havia num underground bem profundo, quase no sétimo círculo do inferno dantesco, chamado RIO (não confundir com a cidade brasileira onde aquele que vos escreve agora reside, mas uma espécie de movimento musical cuja sigla quer dizer "rock in opposition"), tendo ele este nome por ser uma espécie de 'resistência', ou contraponto, aos outros movimentos musicais em surgimento da época, onde uma música simples e despojada era beneficiada em relação à trabalhos mais bem lapidados e arquitetados, fato este que foi deixando o Prog Rock cada vez mais distante na poeira da memória de muita gente.

No caso do Univers Zero, sua proposta inicial era calcada numa alquimia muito curiosa entre o Rock Progressivo mais obscuro e esotérico da época - mais precisamente, nomes como King Crimson, Magma e Van Der Graaf Generator são aqui evocados - com a música erudita de compositores mais recentes, atendendo pelos nomes de Béla Bartók, Igor Stravinsky e Dmitri Shostakovich, dentre outros mais. Com o passar do tempo, o approach da banda foi mudando sutilmente de algo mais acústico e neoclássico a algo mais rock n' roll, ainda que sem perda da essência sônica de outrora, se tornando também cada vez mais sombrio e atmosférico, a ponto de fazer-nos criar imagens mentais de um mundo fantástico, onírico e grotesco, digno dos contos de escritores como H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe, o que culminou com o álbum que muitos clamam ser sua obra-prima, chamado de Heresia (1979).

Depois dos anos 80, a banda ainda permaneceu ativa, embora produzindo num ritmo cada vez mais vagaroso. Não sei muito acerca de seus trabalhos mais recentes exceto este que deixo aqui, chamado Clivages, lançado oficialmente há poucos dias. Nele, banda parece muitíssimo bem sintonizada e inspirada, levando na melhor forma a sua união de Rock Progressivo, Zeuhl, música clássica moderna e vanguardista, soando como um belo pano de fundo para algum conto de suspense surrealista e recheado de horrores insondáveis de outros aeons.

Recomendado, com todas as forças possíveis, para qualquer acervo de Prog Rock da face do universo, ou admiradores das bandas que citei no segundo parágrafo, bem como aqueles chegados a trabalhos de autores mais contemporâneos como Kayo Dot, maudlin of the Well, Sleepytime Gorilla Museum e Idiot Flesh, pois é notável que estes artistas beberam bastante da fonte criada por nomes como o UZ.

Bem, este é o recado. Enjoy it!


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[2010] Clivages


01 - Les Kobolds
02 - Warrior
03 - Vacillements
04 - Earth Scream
05 - Soubresauts
06 - Apesanteur
07 - Three Days
08 - Straight Edge
09 - Retour de Foire
10 - Les Cercles d'Horus


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