Para falar-lhes do Univers Zero, é necessário voltar quase 40 anos na história, mais precisamente no ano de 1974, mais precisamente na Bélgica. Naquela era, marcou-se o ponto de inflexão na curva de ascenção das bandas que vieram a estabelecer as raízes do Hard e Stoner rock, bem como do Rock Progressivo e psicodélico como um todo, onde várias dessas bandas passaram a sofrer baixas no seu line-up e começam a perder forças para outros movimentos musicais que vieram a culminar alguns anos depois, como o Punk Rock e a Disco Music, que floresceram de vez nos idos de 1977-1978.
No entanto, havia num underground bem profundo, quase no sétimo círculo do inferno dantesco, chamado RIO (não confundir com a cidade brasileira onde aquele que vos escreve agora reside, mas uma espécie de movimento musical cuja sigla quer dizer "rock in opposition"), tendo ele este nome por ser uma espécie de 'resistência', ou contraponto, aos outros movimentos musicais em surgimento da época, onde uma música simples e despojada era beneficiada em relação à trabalhos mais bem lapidados e arquitetados, fato este que foi deixando o Prog Rock cada vez mais distante na poeira da memória de muita gente.
No caso do Univers Zero, sua proposta inicial era calcada numa alquimia muito curiosa entre o Rock Progressivo mais obscuro e esotérico da época - mais precisamente, nomes como King Crimson, Magma e Van Der Graaf Generator são aqui evocados - com a música erudita de compositores mais recentes, atendendo pelos nomes de Béla Bartók, Igor Stravinsky e Dmitri Shostakovich, dentre outros mais. Com o passar do tempo, o approach da banda foi mudando sutilmente de algo mais acústico e neoclássico a algo mais rock n' roll, ainda que sem perda da essência sônica de outrora, se tornando também cada vez mais sombrio e atmosférico, a ponto de fazer-nos criar imagens mentais de um mundo fantástico, onírico e grotesco, digno dos contos de escritores como H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe, o que culminou com o álbum que muitos clamam ser sua obra-prima, chamado de Heresia (1979).
Depois dos anos 80, a banda ainda permaneceu ativa, embora produzindo num ritmo cada vez mais vagaroso. Não sei muito acerca de seus trabalhos mais recentes exceto este que deixo aqui, chamado Clivages, lançado oficialmente há poucos dias. Nele, banda parece muitíssimo bem sintonizada e inspirada, levando na melhor forma a sua união de Rock Progressivo, Zeuhl, música clássica moderna e vanguardista, soando como um belo pano de fundo para algum conto de suspense surrealista e recheado de horrores insondáveis de outros aeons.
Recomendado, com todas as forças possíveis, para qualquer acervo de Prog Rock da face do universo, ou admiradores das bandas que citei no segundo parágrafo, bem como aqueles chegados a trabalhos de autores mais contemporâneos como Kayo Dot, maudlin of the Well, Sleepytime Gorilla Museum e Idiot Flesh, pois é notável que estes artistas beberam bastante da fonte criada por nomes como o UZ.
Bem, este é o recado. Enjoy it!
No entanto, havia num underground bem profundo, quase no sétimo círculo do inferno dantesco, chamado RIO (não confundir com a cidade brasileira onde aquele que vos escreve agora reside, mas uma espécie de movimento musical cuja sigla quer dizer "rock in opposition"), tendo ele este nome por ser uma espécie de 'resistência', ou contraponto, aos outros movimentos musicais em surgimento da época, onde uma música simples e despojada era beneficiada em relação à trabalhos mais bem lapidados e arquitetados, fato este que foi deixando o Prog Rock cada vez mais distante na poeira da memória de muita gente.
No caso do Univers Zero, sua proposta inicial era calcada numa alquimia muito curiosa entre o Rock Progressivo mais obscuro e esotérico da época - mais precisamente, nomes como King Crimson, Magma e Van Der Graaf Generator são aqui evocados - com a música erudita de compositores mais recentes, atendendo pelos nomes de Béla Bartók, Igor Stravinsky e Dmitri Shostakovich, dentre outros mais. Com o passar do tempo, o approach da banda foi mudando sutilmente de algo mais acústico e neoclássico a algo mais rock n' roll, ainda que sem perda da essência sônica de outrora, se tornando também cada vez mais sombrio e atmosférico, a ponto de fazer-nos criar imagens mentais de um mundo fantástico, onírico e grotesco, digno dos contos de escritores como H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe, o que culminou com o álbum que muitos clamam ser sua obra-prima, chamado de Heresia (1979).
Depois dos anos 80, a banda ainda permaneceu ativa, embora produzindo num ritmo cada vez mais vagaroso. Não sei muito acerca de seus trabalhos mais recentes exceto este que deixo aqui, chamado Clivages, lançado oficialmente há poucos dias. Nele, banda parece muitíssimo bem sintonizada e inspirada, levando na melhor forma a sua união de Rock Progressivo, Zeuhl, música clássica moderna e vanguardista, soando como um belo pano de fundo para algum conto de suspense surrealista e recheado de horrores insondáveis de outros aeons.
Recomendado, com todas as forças possíveis, para qualquer acervo de Prog Rock da face do universo, ou admiradores das bandas que citei no segundo parágrafo, bem como aqueles chegados a trabalhos de autores mais contemporâneos como Kayo Dot, maudlin of the Well, Sleepytime Gorilla Museum e Idiot Flesh, pois é notável que estes artistas beberam bastante da fonte criada por nomes como o UZ.
Bem, este é o recado. Enjoy it!
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[2010] Clivages
01 - Les Kobolds
02 - Warrior
03 - Vacillements
04 - Earth Scream
05 - Soubresauts
06 - Apesanteur
07 - Three Days
08 - Straight Edge
09 - Retour de Foire
10 - Les Cercles d'Horus
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Um comentário:
muito bom o blog, imensas congratulações!
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