Mouth of the Architect



É impossível falar de pós-metal sem mencionar os Neurosis ou Isis, mas começa a tornar-se também cada vez mais complicado não puxar os MOUTH OF THE ARCHITECT para a conversa. Isto porque, por muito que o pós-metal se esteja a transformar rapidamente numa colecção de sucessivos clichés, há valores da nova geração que conseguem pegar nas suas referências, digeri-las e transformá-las em temas a que ninguém consegue manter-se indiferente.

No caso do colectivo norte-americano, as coisas são feitas de forma subtil e complexa, desvendando a cada audição novas camadas de som. A densidade é profunda, o impacto não lhe fica atrás. Descargas violentas de distorção suja são pontuadas por um assalto de vocalizações viscerais, que se cruzam com texturas sonoras envolventes e crescendos melódicos de ouvir e chorar por mais. O dinamismo está instalado e – aliado a uma capacidade impressionante para criar riffs bem pesadões e enormes, daqueles que ameaçam frequentemente redefinir o conceito de power chord – resulta numa simbiose perfeita entre luz e escuridão.

«Time And Withering» e «The Ties That Bind» já tinham dado provas do poderio sonoro do colectivo oriundo de Dayton, no Ohio. No entanto, foi com «Quietly», o último registo de longa-duração, que os MOUTH OF THE ARCHITECT atingiram finalmente a maioridade. Mais que isso, com o álbum de 2008, o grupo conseguiu transformar a sua sonoridade numa ciência, perfeita até ao mais ínfimo pormenor. Os épicos de mais de dez minutos dos primeiros dois álbuns alternavam essencialmente entre momentos mais contundentes e outros mais introspectivos e negros, o resultado era satisfatório e... sentia-se a falta de mais qualquer coisa que os destacasse de tantas outras bandas do mesmo género.

Essa “coisa” deu-se a conhecer ao terceiro álbum, uma peça que flui como um todo e que vai crescendo há medida que os temas se vão desenvolvendo. A obra está em curso, dando seguros passos em frente até ao êxtase da conclusão. Em vez de se apoiarem apenas nos contrastes, os músicos usam-nos agora para suportarem as suas composições e fazem com que os dois elementos distintos que compõem a sua personalidade se completem entre si. [primeartists]

E eis que em 2010 a banda atinge a maturidade com o The Violence Beneath. EP composto de apenas 4 faixas, mas onde é perfeitamente visível a evolução musical dos americanos, fazendo com que o grupo fique no topo no que diz respeito ao post-metal atual.

Na minha opinião esse é o trabalho mais conciso do grupo e com ele os MotA tem todos os quesitos pra se tornar expoentes do estilo ao lado de Neurosis, Isis e Cult of Luna. Impossível não destacar o cover In Your Eyes (Peter Gabriel), que ficou absolutamente linda. Com toda certeza, um dos grandes lançamentos do ano.


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[2010] The Violence Beneath

01 - The Violence Beneath
02 - Buried Hopes
03 - Restore
04 - In Your Eyes

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