Doves



Manchester, UK, ano de 1988. Surge o Sub Sub, conjunto de Dance Music que alcançou um sucesso razoável por aquelas épocas, tendo inclusive um single atingindo o Top-5 dos charts msuicais britânicos. Porém, oito anos depois, sofrem um grande abalo: seu estúdio incendiou-se, havendo perda de todo equipamento e tudo mais que eles obtiveram e guardaram desde então... Aí vocês me perguntam, tá, o que isso tem a ver com o Doves? Pois é isso mesmo, deste incidente infeliz foi gerado o Doves, formado por membros remanescentes deste Sub Sub, que decidiram rebatizar a banda e tocar outro rumo, sem olhar pra trás e deixar vestígios dos eons passados.

Quatro anos depois, veio seu primeiro full-length: Lost Souls (que, não por acaso, é o álbum que figura no link de download logo abaixo). O que percebe-se por aqui é uma atmosfera nebulosa, e claustrofóbica, regada a teclados gélidos e ritmos soturnos e envolventes. Quem perceber alguma paisagem sônica evocada do OK Computer do Radiohead traçada com tintas sutis, mas não menos marcantes, do Ambient a la Brian Eno e Harold Budd, perfumados com essências psicodélicas extraídas do Pink Floyd da era Wish You Were Here. sim, acertou. Se encharcarmos este cenário com ecos daquele Shoegaze mais etéreo e cósmico outrora praticado magistralmente pelo Slowdive, vai ficar ainda mais próximo do que é o Lost Souls. E quem simplesmente disser que este CD soa como um Travis e Coldplay munidos de uma inspiração e ousadia nunca vistos ao longo de suas carreiras, bem, também está correto. Por serem bandas conterrâneas e contemporâneas, é difícil não se influenciarem entre si. Mas qualquer um com um par de ouvidos um pouquinho mais apurado consegue notar que este álbum aqui, pelo menos, encontram-se num nível acima no quesito "qualidade artística".

Bom, está dado o recado. Não iludem-se esperando algo mágico e revolucionário, pois não é o caso. Não são mais um daqueles pretensos salvadores do Rock que pipocavam a rodo na época que este CD saiu, felizmente. Porém, sim, é uma trilha sonora ideal para o cair da tarde daqueles dias amorfos, insípidos e onde tudo parece fora dos eixos e sem muito sentido. Nada mais digno para os dias derradeiros de 2010, não é? Por fim... enjoy it. ;)


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[2000] Lost Souls

01 - Firesuit
02 - Here It Comes
03 - Break Me Gently
04 - Sea Song
05 - Rise
06 - Lost Souls
07 - Melody Calls
08 - Catch The Sun
09 - The Man Who Told Everything
10 - The Cedar Room
11 - Reprise
12 - A House


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Michio Kurihara




Michio Kurihara, cidadão oriundo de Tokyo, Japão pode ser um nome pouco conhecido em terra brasilis, mas desfruta de grande fama e reconhecimento nos recônditos undergrouds de seu país. Desde os anos 80, vem fazendo parcerias com vários artistas do meio Prog-Psychedelic daquelas bandas, como por exemplo o White Heaven, e alguns anos depois, mais precisamente em 1994, faz sua primeira parceria com o Ghost, talvez o nome mais famoso da cena pós-psychedelic (?) japa. Também trabalhou com gente como Damon & Naomi (Galaxie 500 - um dos percursores do Shoegaze) e também com o The Stars, banda formada por e-White Heavens, até chegarmos a 2005, onde ele lança seu primeiro - e até agora, único - álbum solo, batizado de Sunset Notes. Além disso, fez uma colaboração com a galerë bacaninha do Boris, em 2006, resultando numa bela peça lisérgica de Drone e Stoner. No entanto, o foco será sobre o álbum solo.

O tal álbum não distancia-se muito dos universos sonoros que o Michio vem explorando com suas antigas bandas e colaborações. Quem aqui já ouviu o Ghost (acredito que não sejam muitos, infelizmente), certamente vai perceber suas similariedades com as notas da aurora. Porém, é perceptível o clima mais intimista e introspectivo aqui. Pensem no que o Yawning Man faz com seu Stoner/Psych. Rock em relação a pintar paisagens do deserto da California com suas músicas. Agora, traduzam essa paisagem para um parque nipônico no final de tarde repleto de flor de cerejeiras caindo ao sabor do vento, onde solitude e uma certa nostalgia agridoce imperam nos domínios da mente. Parece, inclusive, que as músicas foram inspiradas em diferentes finais de tarde, em diferentes locais do Japão, vivenciados pelo Michio. Faz sentido ao perceber que as primeiras músicas parecem mais energéticas e "vivas", provavelmente evidenciando primavera/verão, enquanto a metade final do álbum parece mais serena e até tantinho melancólica.

Se é algo difícil de se imaginar, bem, não há melhor experiência do que ouvir de fato o álbum. Não consigo pensar em gente que faz algo muito parecido com ele. Talvez a tal New Weird America, gente como Six Organs Of Admittance e simpatizantes, se aproxime do feeling e da aura que evoca sua música, mas somente isso. Trata-se de um álbum extremamente agradável, soando perfeito para dias primaveris mornos e reflexivos.

Pois bem... aproveitem!


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[2005] Sunset Notes


01 - Time To Go
02 - Do Deep-Sea Fish Dream Of Electric Moles
03 - Wind Waltzes
04 - Pendulum On A G-String~The Last Cicada
05 - Canon Ic C (C Is For Cicada)
06 - Twilight Mystery Of A Russian Cowboy
07 - The Wind Twelve's Quarters
08 - The Old Man And The Evening Star
09 - A Boat Of Courage



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ps: Due to the removals of the download link, I won't post it here anymore. If anyone wants to listen to this album, just let a comment below and an e-mail, twitter profile, facebook, etc. where I can drop it. I'm sorry for this.

Electric Wizard



Não foi por falta de gostar desse álbum que ele não esteve aqui antes, apenas não quis deixar tão expressa a minha devoção por esta que é uma das maiores obras de artes já feitas no âmbito do Stoner/Doom, senão a maior. De fato estamos tratando aqui de uma banda que levou ao máximo os preceitos do Doom dentro do Stoner, ainda que existam outros álbuns e inclusive outras bandas que sejam historicamente mais importantes do que o EW no movimento, nenhuma parece a mim ter feito algo tão característico a ponto de ser um referencial incontestável do estilo.

Indo ao que interessa pra vocês, que não vieram aqui aguentar minha babação de ovo em cima de determinado CD ou banda, em Dopethrone encontramos alguns elementos sagrados àqueles que apreciam o estilo, como a presença marcante de riffs sabbathicos, guitarras transbordando peso e aquele ar de setentismo e space rock em meio a uma boa bad trip digna de uma boa ressaca em plena segunda feira.

Aos que já vieram aqui e as minorias que leêm os posts, sabem que não sou o melhor com as palavras, então deixo ao encargo da própria banda sua definição:

"Born in Dorset, England in 1993, in a quiet country town, initially we were the product of frustration, unemployment and excessive drug abuse. But through hallucinogenic experimentation and occult sciences we realised our true potential. Eventually becoming a multi-tentacled paen to dark and weird subjects. A celebration of outre low brow art like Weird Tales, 70's horror and B-movies, head shop art, drug comix, italian pornohorror comics, Crepax, Lovecraft, Howard etc. etc...coupled with a morbid fascination in cults, witchcraft, freemasonry, biker culture, nazi mysticism and ancient occult sciences and how these dark arts can be applied to music. We have created a true one way ticket away from this dead planet. "

//Dois anos depois, aproveito a postagem do bróda Castro para deixar-vos aqui o mais recente trabalho da galere, o NBlack Masses. Tudo o que foi escrito nas linhas acima continua válido, até demais. Satanismo, psicodelia, demência, imagens oníricas terroríficas. Tem como ser ruim? Enfim, aproveitem!
[edit by: c.]

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[2010] Black Masses

01 - Black Masses
02 - Venus In Furs
03 - The Nightchild
04 - Patterns Of Evil
05 - Satyr IX
06 - Turn Off Your Mind
07 - Scorpio Curse
08 - Crypt of Drugula

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Dopethrone [2000]

1 - Vinum Sabbathi
2 - Funeralopolis
3 - Weird Tales - I.Electric Frost II.Golgotha III.Alter Of Melektaus
4 - Barbarian
5 - I, The Witchfinder
6 - The Hills Have Eyes
7 - We Hate You
8 - Dopethrone

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Robert Wyatt



Bristol, UK, 1945. Nascia Robert Ellidge, mais conhecido como Robert Wyatt. Para aqueles que viveram os anos 70 em carne e osso, ou aqueles que admiram (e conhecem) mais profundamente a cena musical daqueles éons psicodélicos, Robert foi um dos fundadores do Soft Machine, uma das bandas seminais da cena de Canterbury, daonde saíram gente muito interessante como, e.g., Caravan, Gong e outros que me fogem a mente, conhecidos por trazerem matizes folk e um tanto esotéricos ao seus roques progressivos, mais do que a música pede por si só.

Tendo aprendido a tocar bateria com um amigo jazzista e não satisfeito com isso, Robert era também responsável pelas cordas vocais do Soft Machine, algo um tanto incusitado para a época - e mesmo para os padrões atuais -. Tendo abandonado o SM em 1971, devido as tão famosas diferenças pessoais e mimimis afins, fundou o Matching Mole (referência a sua antiga banda, pois Matching Mole soa como Machine Molle, tradução de Soft Machine para o francês) mas, em 1973, devido a um infeliz acidente, Robert cai de uma janela do 3º andar e perdeu os movimentos da cintura para baixo. O álbum que posto-lhes agora, Rock Bottom, é o fruto de 8 meses que ele passou internado, formado por músicas totalmente reconstruídas devido a sua condição do momento, no qual ele também decidiu se reinventar como vocalista e trocou a bateria, por razões óbvias, pelo teclado.

Sobre este Rock Bottom, é um álbum que soa estranho para aqueles habituados aos seus trabalhos anteriores, mas que, ainda em meio a todo o experimentalismo introspectivo, é de audição relativamente fácil e fluente. Não se parece com nada oriundo daquelas épocas, mas certamente aqueles acostumados com as sandices de Thom Yorke do Kid A em diante vão encontrar algo semelhante aqui. Talvez seja uma de suas fontes de inspiração, quem sabe. Todas as músicas transmitem sensação de estar imerso num oceano profundo e insondável (Rock Bottom pode ser uma boa metáfora, né?), permeado de corais quiméricos e criaturas desconhecida mas bizarramente familiares, de alguma maneira. Não seria essa uma boa representação do inner self de cada um?

No mais, trata-se de um belíssimo e esquecido álbum. Talvez por ser aparentemente impenetrável e abstrato demais para ouvidos pouco treinados, ou talvez por não lembrar em quase nada o finado Soft Machine, que rendeu reconhecimento ao Mr. Wyatt, mas nada disso tira seu brilho e criatividade exuberantes. Fica aqui como primeiro presente de natal a vocês. ;)


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[1974] Rock Bottom

01 - Sea Song
02 - A Last Straw
03 - Little Red Riding Hood Hit The Road
04 - Alfib
05 - Alife
06 - Little Red Robin Hood Hit The Road


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Another Vertigo Rush



A Índia é conhecida mundialmente pela sua rica e milenar cultura, belas construções, e uma grandiosa população, etc. Porém, acho que poucos tem ideia da cena musical "underground" que há no país, exceto aqueles mais aficcionados por curiosidades vindas de países, digamos, exóticos. Admito que já tive fases de ficar caçando bandas de lugares obscuros e distantes no Metal-Archives, o que me fez topar com alguns artistas hindus, óbvio, mas nada que me chamasse a atenção.

No entanto, eis que surge algo digno de fazer festa aos meus ouvidos: Another Vertigo Rush. Não sei bem sobre suas origens, a não ser que são oriundos da cidade de New Dehli e em um full-length, Murphy's Law, nascido em 2008 e que compartilharei convosco neste post. Desde a arte gráfica a temática lírica, passando, obviamente, pelas construções harmônicas, tudo aqui tem cheiro de Tool & A Perfect Circle. Não com a mesma complexidade e profundidade, até porque acho algo quase intangível de se obter a não ser pelos mesmos, mas a inspiração tá lá, de forma saudável e bem aproveitada. Como se fosse a matéria-prima das tintas com que pinta cada faixa do CD.
Outro ponto de destaque é uma boa alternância e unificação entre momentos recheados de fúria com momentos mais doces e auto-reflexivos. Afinal, a consciência humana não é muito diferente, né? Além disso, posso ainda identificar alguns matizes de Nine Inch Nails, ambiências psicodélicas Post-Rockers e, sim, ecos de Deftones e Nu Metal podem ser ouvidos em algumas passagens. Isso os torna pior? De modo algum! Até eu, que tenho preconceito com o tal subgênero (tá, eu assumo que gosto dos 2 primeiros do Defontes, resquício da adolescência), vejo tais ecos como algo bem inserido em sua música, diria que até enriquecedor. Acho que o Consecration, postado aqui a alguns meses, serve como um bom paralelo com o trabalho dos rapazes hindus, apesar do AVR parecer mais simples estruturalmente.

Por fim, devo dizer que, apesar deles não atingirem ainda seu ápice de maturidade e de criatividade, não poderiam estar na trilha mais certa para tal. Só espero que não venham a definhar e empalescer devido as prováveis dificuldades que devem enfrentar para realizarem seu trabalho em seu país natal, que imagino serem comparáveis, provavelmente piores do que em Terra Brasilis.

Pois bem... só resta dizer: Aproveitem!


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[2008] Murphy's Law

01 - Drop
02 - The Vibe
03 - Om
04 - Disconnect
05 - Conclave
06 - Phase II
07 - Prevail
08 - Connect
09 - Anger Management
10 - Prologue: Indigo Children


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Black Sea



Infelizmente no Brasil não existe muitas bandas de post-rock/metal, o que é uma pena, pois é um dos meus estilos preferidos atualmente dentro da música. Com essa carência de bandas, o estilo fica restrito a um pequeno número de pessoas o que acaba dificultando a divulagação e a consequente vinda de bandas internacionais para o Brasil.
Felizmente sempre tem alguns poucos que se arriscam nesse meio e conseguem criar algo realmente foda e sem deixar nada a dever para algumas bandas gringas, como é o caso dos paranaenses do Black Sea.

Recomendado.

"Sem grandes pretensões, a idéia desde do início era fazer um tipo de som que ainda é pouco difundido no Brasil: post-metal/sludge. Com influências de ISIS, Russian Circles e Cult of Luna, no início de 2009 o quinteto gravou seu primeiro EP It’s All About Our Silence, lançado no dia 1º de maio do mesmo ano pelo selo virtual Sinewave (Herod Layne, s.o.m.a., Loomer…).

Em pouco tempo o EP já havia se espalhado pelo mundo e sendo elogiado em sites como Post-rock na Romênia, Postrocking e Postrockxchange, entre outros. Depois disso tocou em alguns shows no Paraná e Santa Catarina, fechando o ano com a apresentação no 2º Sinewave Fest em São Paulo e sendo listada na coletânea Sinewave Essentials - The Best of 2009.

No início de 2010, com novas músicas sendo preparadas para o novo trabalho e com a saída de Ivan Camargo, a banda teve que adaptar as músicas para apenas uma guitarra sem que se perdesse detalhes importantes para a sonoridade. E após 2 meses e meio de muito ensaio e metrônomo, no dia 10 de julho começaram as gravações de Somethings Cannot Be Mirrored.

Com apoio de amigos, principalmente o fotógrafo/designer Diego Cagnato, responsável pelas artes dos dois EPs e Myspace, e Nilo (Ayat Akrass), tudo correu como o planejado. Em parceria com a NAYP.com.br, dia 10/10/10 o EP foi colocado na íntegra em streaming virtual.

Desde o lançamento do novo trabalho, shows importantes como nas Verduradas de Curitiba e do DF, juntamente com a banda Curitibana/Blumenauense Nunca Inverno em uma minitour entitulada Inverno Negro Tour nos meses de Outubro/Novembro.

Hoje o Black Sea é:

André Prado - guitarras e synths
Marcos Paulo - bateria
Rafael Contin - baixo
Rodolfo Garcia - vocal"

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[2010] Somethings Cannot Be Mirrored

01 - 300 ml
02 - Waiting For Disarm
03 - Black Sea Part I
04 - Black Sea Part II
05 - Don’t Stay For Too Long
06 - Dogs Of War

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