Zola Jesus




Confusão de sentimentos. Pelo jeito, essa foi e sempre será a tônica da carreira ainda iniciante, mas agitada, de Nika Roza Danilova. Na verdade, essa americana de nome tão curioso prefere ser chamada de Zola Jesus. Ela explica: “quando estava no colégio, gostava muito de Émile Zola”, escritor francês do século dezenove, “e Jesus, bem, por que não Jesus?”. É verdade. Por que não colocar lado a lado o maior líder religioso da história e um dos expoentes do naturalismo literário? Por que não ter em seu nome um pouco da confusão de sentimentos que a sua música vai trazer? Para Nika, do alto dos seus vinte anos de idade, não há um por quê que não tenha resposta.

Ainda que tenha saído de um cantinho esquecido por Deus do interior do estado de Wisconsin, a cantora é aluna aplicada do pós-punk britânico. Nada mais indicado para quem começou aos 10 anos cantando ópera, certo? Para desafiar a lógica mais uma vez, o Zola Jesus lança o enegrecido Stridulum, EP de seis lindas canções com seus arranjos tombados completamente para o gótico, enquanto letras algo mais esperançosas mostram como Danilova não veio para dar respostas, e sim para acentuar as perguntas.

“Night” abre os trabalhos com teclados pesados. A voz de Nika se destaca ao lado da percussão ritmada, tornando a faixa uma passagem precisa e necessária para se entender um pouco do universo do Zola Jesus. A bonita “I Can’t Stand” é Nika jurando para um amigo que tudo vai melhorar, ainda que não seja mesmo fácil lidar com um coração partido. Ao fechar com um grito de socorro, na vibrante “Manifest Destiny”, o Zola Jesus dá mais uma vez o benefício da dúvida, tranca a certeza em um lugar longe daqui e faz com que a gente aprenda que os sentimentos nunca estão corretos o bastante para que você durma tranquilo esta noite. [by: style-a-holic]

Recomendado para apreciadores do trabalho da Bat for Lashes, Fever Ray, Soap & Skin entre outras divas da música bizarra e bela.

//Aproximadamente um ano depois do seminal debut, a moça de nome complicado volta a nos assombrar com um novo trabalho. Sob o nome de Conactus, sua verve ganha uma roupagem ainda mais tensa e soturna, distanciando-se um pouco das melodias de tempero levemente pop e grudentos do primeiro CD em detrimento de tons mais etéreos e flutuantes, como se cada nota e o som da sua voz ressoassem como uma névoa fantasmagórica em meio a florestas esquecidas do cosmos, traçando um paralelo mais íntimo com gente a la Fever Ray. Poucas pessoas no mundo seriam capaz de nos entregar algo assim e evocar tão naturalmente gente oldschool tipo Siouxsie, Nico sem perder identidade. E isso tudo porque ela tem "somente" 21 invernos...

Enjoy!


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[2011] Conactus (Sacred Bones)

01 - Swords
02 - Avalanche
03 - Vessel
04 - Hikkikimori
05 - Ixode
06 - Seekir
07 - In Your Nature
08 - Lick The Palm Of The Burning Handshake
09 - Shivers
10 - Skin
11 - Collapse


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[2010] Stridulum II

01 - Night
02 - Trust Me
03 - I Can´t Stand
04 - Stridulum
05 - Run Me Out
06 - Manifesty Destiny
07 - Tower
08 - Sea Talk
09 - Lightsick

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Starfire Connective Sound




Em pleno Corpus Christi, posto aqui uma bela surpresa. Atendendo pelo interessante nome de Starfire Connective Sound, SCS, trata-se de um projeto criado e desenvolvido por um único membro, Al Schenkel, vindo das terras catarinenses de Criciúma. Não é comum postarmos bandas nacionais nesse espaço, não por preconceito, lógico, mas pela minha ignorância sobre as mesmas. Algo que estou lutando em modificar, devo dizer...

Enfim, acerca do SCS, o que exala aos nossos ouvidos logo nas primeiras notas são aquelas cachoeiras e tormentas de distorção, do jeito que os mestres do Jesus and Mary Chain ensinaram a uns 26 anos atrás. Porém seu universo sonoro não limita-se nas paredes de estática impenetráveis já tradicionais do Shoegaze, como também explora as galáxias industriais e valem-se de Post-Rock e (Dark) Ambient em momentos oportunos. Vale ainda destacar que, diferentemente de muitas bandas do tal gênero, suas faixas possuem um tom bem mais selvagem e cavernoso, talvez pela ausência de vocais, talvez pela mescla de diferentes influências e vertentes sônicas, ou talvez fruto de algum fantasma feito do spleen, bem conhecido pelos poetas do séc. XIX, que decidiram assolar a mente do nosso amigo Schenkel ao compô-las. Destaco aqui algumas faixas, como They Call Her One Eye, cujo nome deve fazer referência ao filme sueco, homônimo, de 1973. Muito interessante, por sinal, uma inspiração plena pro Kill Bill e afins. E destaco ainda a eletrônica Eletric Whore (até eu que não tenho muita afinidade e simpatia por modernices eletrônicas vim a curtir) bem como os ares moribundos post-punk-like do Walt Whitman's Brain.

Por fim, as 6 músicas aqui presentes seriam de forte agrado aqueles aficcionados no já mencionado JAMC e toda a verve mais 'noise' e 'harsh' do Shoegaze, bem como aqueles interessados em Industrial, Dark Ambient, Drone, Post-rock e doidices undergrounds sorumáticas como um todo, construindo um EP bem harmonioso e homogêneo, sendo um excelente aperitivo para desenvolvimentos futuros. Potencial, há de sobra. Só resta mesmo gente que apoie e divulgue, algo que decidi fazer, e creio que não serei o único. ;)


//Deixo-vos o mais novo trabalho do Schenkel. Sob o nome de The Sound Also Rises, a alquimia de Shoegaze, Noise, Industrial e barulhagens diversas mostra-se ainda mais coesa em meio ao seu caos habitual e também refinada. Tenho notado uma cena emergente de bandas Alternativas com forte inspiração nos microcosmos do Shoegaze, Lo-fi, Guitar band, Grunge, dentre outros que marcaram a cultura e cenário musical de 2 décadas atrás, todas com excelente qualidade e talento transbordantes. Nada mais justo do que apoiar uma dessas iniciativas árduas.

Enjoy!


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[2011] The Sound Also Rises (EP)

01. Drive The Breeze
02. The Girl With A Country Name
03. The Sound Also Rises
04. Acid Morning Ride
05. To Dream That You Are Floating Drunk Among The Storm
06. No Horse Heaven
07. Head Full Of Ghosts, Heart Full Of Whores
08. Drive The Breeze (Echo Vocal Mix, por Fabio Bridges)


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[2011] Starfire Connective Sound (EP)

01 - I Sweep The Streets Without Finding God
02 - The Modern Cave
03 - They Call Her One Eye
04 - Electric Whore
05 - Love Is A Lonely Ghost Floating Inside
06 - Walt Whitman's Brain
07 - Starfire Connective Sound


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Navel



Podem acusar de hipster e o escambau, mas uma "tendência" atual MUITO boa que percebo cada vez mais forte e pulsante nesses tempos é essa coisa de "Retro Rock". Nomes como Black Mountain, Wolf People, Tame Impala, Eagles of Death Metal, The Black Angels tem sido alguns dos responsáveis por ela. Sei que não trazem nada de (muito) novo, ainda mais em relação ao que era feito à 30/40 anos atrás, mas em nenhum aspecto isso deixou de ser foda. Então, surge mais um nome com potencial mais que suficiente para juntar-se à lista acima: Navel.

O nome um tanto simplório - e pouco criativo, devo adicionar - só faz esconder o poderio artístico que os rapazes (?). Toda aquela psicodelia incandescente made in '69 se faz presente, mas dessa vez carregada com muita coisa igualmente interessante. Há um toque Bluesy em todas as 14 faixas que compõe seu álbum (Neo Noir), tornando tudo mais spicy - ainda! - e, como se não fosse o bastante, invocam aquele espírito lamacento e despojado do Garage Rock que nos assombra a pelo menos 40 anos. E mais ainda, por que não invocar, também, o alternativo 90's made in Seattle? Pois é, tem tudo disso aqui. Provavelmente o elemento mais diferencial do Navel em relação aos colegas vintage contemporâneos é o ritmo da maioria de suas músicas. Não tem dó de botar o pé (ou dedos) no acelerador e compor músicas recheadas de uma urgência pouco visto nos idos modernos, soando verdadeiras descargas sônicas em muitos momentos. De quebra, ainda temos um cover do Neil Young, Rockin' In The Free World. Não poderia ser melhor escolhido, jamais.

Se alguma pessoa resolveu botar esse CD pra tocar e ficar entediado, é porque o cidadão está morto ou tá com sérios problemas auditivos, só pode. Recomendado fortemente pra qualquer um interessado, além das bandas do primeiro parágrafo, em gente tipo BRMC, The Vines, Mudhoney, QOTSA, Black Keys, Dead Weather, etc.

Degustem-no!


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[2011] Neo Noir

01 - Can't Feel A Thing
02 - Speedbox
03 - Black Days
04 - Acid Queen
05 - It's The Road That Makes The Song
06 - Free Land
07 - Invisible
08 - Kobra The Killer
09 - Rockin' In The Free World
10 - Hunger Child Blues
11 - Come Into My Mind
12 - Blues On My Side
13 - Rule To Follow
14 - Waiting Travelling Thinking


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Exxasens




Exxasens
é o nome da banda a ser postada aqui. Fruto da mente do espanhol Jordi Ruiz em Abril de 2007, o Exxasens foi criado como um mero passatempo do Jordi, compondo suas músicas apenas com uma guitarra e um computador. Depois de construir um estúdio em sua própria casa e de ter composto algumas músicas e postá-las no seu myspace, ele percebeu que muitas pessoas pareciam realmente interessadas em seu trabalho e recebia críticas mais positivas do que ele, possivelmente, esperava. Então, passado um ano depois do início dessa "brincadeira", veio a vida o primeiro full-length do Exxasens, chamado Polaris.

Sua música, desde então, mostra-se fortemente inspirada por temáticas siderais e astronômicas, como por exemplo a exploração especial, bem representada pela música Spiders On The Moon, que fala sobre a jornada do Apollo XIII para a Lua. Até a arte gráfica do álbum representa bem essa veia, pode-se perceber. Essa influência sidérea, então, não podia ser melhor representada por um estilo que não um Post-rock com vários flertes ao Shoegaze e Ambient, remetendo-nos imediatamente a nomes como God Is An Astronaut, Mogwai e Explosion In The Sky, nesta mesma ordem.

Depois do Polaris, vem então a vida o segundo full-length, sob o nome de Beyond The Universe. Apresentando na arte da capa uma foto da Nebulosa De Águia, ele segue então a mesmíssima linha de seu antecessor, talvez apresentando uma maior consistência melódica nas suas composições e uma produção ligeiramente superior a ele. No mais, é ainda um álbum excelente de Post-Rock, apresentando uma simplicidade, sinceridade e energia que não se encontra muito (infelizmente, deve-se dizer) no meio atualmente, providenciando uma ouvida prazerosa e muitíssimo agradável ainda mais sob a luz das estrelas ou um livro de FC nas mãos.

"Not having a defined music style is certainly the main appeal of EXXASENS proposal. The EXXASENS universe is full of sound landscapes which take the listener to a rich world of beautiful and powerful melodies. This could be the homeland of post-rock bands such as Mogwai or Explosions in the Sky, a place full of nice melodies with strong guitar atmospheres. EXXASENS style tries to go beyond by introducing progressive metal influences."

Well, that's all folks. Enjoy it.

//Dois anos depois, o post volta a tona. Imagino que saibam o motivo: novo lançamento do projeto. Aqui, temos 9 faixas alucinogenamente sideais que, se não divergem muito dos lançamentos anteriores, consegue soar refrescante e delicioso de todo modo. O maior destaque, para mim, foi o riff da última faixa, Casiopea, soando praticamente "Metal"! Certamente gente à la Steven Wilson deve ter tido inveja de não tê-lo composto. De impressionar, no mínimo.

Como sempre, deixo meu recado: aproveitem!


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[2011] Eleven Miles

01. Science Will Save Us
02. Helios
03. Constellation
04. Eleven Miles
05. Baikanur
06. Eclipse
07. Rise Up
08. Nebula Seven
09. Casiopea


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[2009] Beyond The Universe

01 - Sky In Red
02 - Signals From The Outer Space
03 - Lost In The Space
04 - Por Qué Me Llamas A Estas Horas?
08 - Absolute Infinte
05 - Polaris
06 - Stars In The Desert
07 - Gray
08 - Absolute Infinte
09 - Singular Deploy
10 - Copernicus
11 - Spiders On The Moon
12 - Boolean
13 - Stellar


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Yuck



Yuck tem suas origens na famosa e cosmopolita cidade de London, Inglaterra, em algum momento de 2009, das cinzas do Cajun Dance Party. Depois de lançar alguns EPs e demos durante o ano passado, resolveram investir num full-length, self-titled, lançado a aproximadamente seis meses atrás (21/2). Desde então, o perfil da banda já aparece com mais de 85 mil ouvintes (até 4/9/11), com pelo menos 2000 ouvintes por faixa em cada semana. Sacaram o que tá acontecendo?

Entoces, os rapazes (e a mocinha baixista) estouraram, pode-se dizer assim, e tem se tornado objeto de culto mundial. Não me admiraria de estar pipocando nas rádios e MTVs pelo mundo a fora (não vejo/escuto nenhum dos dois a séculos, daí estou totalmente desinformado) e isso seria mais do que merecido. Assim que o CD começa a rodar, fazemos a pergunta: "Esse CD é mesmo de 2011? Jura que não é algum K7 perdido e remasterizado de alguma banda dos early-90 que nunca chegou a ver a luz da fama e algum fã fanático resolveu jogá-la na net, dizendo que é coisa nova, com uma trollface estampada no lugar do rosto?!". Pois é. A inspiração noventista deles é mais do que latente, sorvendo o que havia de melhor naqueles idos já tão remotos e encobertos de flanelas e VCRs mofados. Pixies, Dinosaur Jr., Sonic Youth, Pavement, Nirvana, Sebadoh, Yo La Tengo, My Bloody Valentine, dentre muitos outros, certamente estariam orgulhosos desse "filhote". Mas seria um erro dizer que é um plágio puro e descarado desse pessoal citado acima. É notável também uma forte dosagem Post-Rocker ressoando em toda faixa, bem como ecos Shoegazers deliciosamente microfonados, conferindo aquele sabor introspectivo e nebuloso que muitos adoram até hoje, e torço que continuem a gostar.

Claro que existem arestas a serem aparadas, mas o talento deles é reverberantemente incandescente e pulsante. Tem tudo pra ser um dos melhores nomes "alternativos" dos anos 10s, se souberem como desenvolver esse poderio como devem. A falta de uma originalidade mais marcante e a "datação" de sua sonoridade incomodará alguns, sei bem, mas quem é realmente original/transcendental atualmente, afinal? Ao menos aqui existe um grande potencial de cresciment. Deixo um destaque para as três primeiras faixas e especialmente para a última, Ruber. Se alguém não pensar em jesu assim que ouvi-la, devem estar com problemas nos tímpanos, só pode. São as mesmas guitarras densas e lentas carregadas de melancolia e introspecção abissal lançando flechas de agonia para tudo quanto é canto, premiada inclusive um com (belo) clipe.

Por isso não pude deixar de postar essa belezinha aqui para vós.
Enjoy!


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[2011] Yuck

01 - Get Away
02 - The Wall
03 - Shook Down
04 - Holing Out
05 - Suicide Policeman
06 - Georgia
07 - Suck
08 - Stutter
09 - Operation
10 - Sunday
11 - Rose Gives A Lilly
12 - Rubber

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