To Kill A Petty Bourgeoisie



Imaginem vocês uma banda capaz de condensar a atmosfera etérea e melancólica das bandas do selo 4AD, a profundidade sonora abíssica do Drone, o gosto fuzzy e psicodélico oriundo do Krautrock, New Weird America e outras esquisitices do tipo e, ainda por cima, fazer desses ingredientes um plasma perfeitamente palatável, instigante e cativante? Pois bem, o To Kill A Petty Burgeoisie (TKAPB, chamarei assim de agora em diante) consegue o feito!

Falando mais sobre o background da banda, sinceramente não encontrei muitas informações sobre ela. Sei que se trata de um duo formado por Jehna Wilhelm e Mark McGee, oriundos de Minnesota, USA, seu myspace é antigo (de 2004), o que dá a entender que a banda não é tão jovem assim e que eles fazem parte do selo Kranky, dedicando-se a fazer uma mistura de noise e melodia. Por mais generalista e até pueril que isso possa parecer, essa definição se encaixa com perfeição na proposta dos dois, embora isso seja feito de uma maneira bem refinada e inteligente do que a simples definição possa dar a entender.

Marlone é o seu segundo trabalho, lançado ele em setembro/outubro de 2009. Não poderia dizer sobre a linha evolutiva da banda pois ainda não tive a chance de ouvir seu debut, mas o que saltou meus ouvidos é a maturidade e qualidade com que a banda leva a cabo sua proposta, além da maneira como conseguem evocar gêneros e subgêneros aparentemente dispersos e colocá-los numa só cosmosfera sonora sem transformar a sua música numa massaroca indefinivel e intragável. Diferentes ambientes e sensações surgem em nossas mentes a cada música, sendo eles geralmente mundos estranhos, oníricos e um tanto desolados, como andar sob gelatinas pelas ruas de uma cidade pós-apocalíptica cheias de neblina durante as últimas horas antes do amanhecer, onde tudo cheira a silêncio e tem gosto de ruína, possuindo também um certo toque de southern gothic inserido aqui e acolá, amplificando ainda mais a sensação de obscuridade e do grotesco conseguem transmitir-nos.

Se querem algum comparativo para entender melhor do que se trata esse CD, direi que vão ter uma missão bem difícil. No entanto, é possível traçar paralelos com bandas como Fever Ray (não exatamente quanto ao tipo de música, mas quanto as imagens invocadas pela música em si), Have a Nice Life (embora esta seja mais pesada e menos atmosférica), e trabalhos como os do Nadja e Angelic Process podem servir ainda como referência, dentro das devidas proporções. Em suma, trata-se de um álbum inteligente e que transborda criatividade e talento por todos os poros, um prato cheio e saboroso para aqueles degustadores de esquisitices musicais como este que vos fala aqui. ;)



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[2009] Marlone

01 - You've Gone Too Far
02 - The Needle
03 - Villain
04 - Along The Line
05 - I Will Hang My Cape In Your Closet
06 - Bridgework
07 - I Hear You Coming, But Your Steps Are Too Loud
08 - In People's Homes
09 - Turritopsis
10 - Summertime


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