Bem, não é muito difícil falar sobre o My Dying Bride, ao menos penso eu. Se trata de uma das bandas de Metal mais notáveis que já passaram por aí, e possivelmente a mais notável dentro do segmentação que ela mesma ajudou a criar e espalhar por aí, o chamado Doom/Death Metal.
Fundada em meados de 1990 em Halifax, UK, a banda lançou ainda nesse mesmo ano a sua primeira demo, chamada Toward The Sinister, tendo uma ótima repercurssão no underground local, e assim lançou seu primeiro EP sob o nome de God Is Alone, tendo vendido toda sua prensagem em pouquíssimo tempo, fato que chamou a atenção da Peaceville records, com quem a banda assinou pouco tempo depois, tendo então lançado um EP e seu debut album no ano de 1992, e assim se tornando um dos "Peaceville Three", ao lado dos conterrâneos Paradise Lost e Anathema, bandas que junto com o MDB praticamente redefiniram o que é o Doom Metal e criaram uma inteira nova dimensão para o mesmo.
Desde os primeiros trabalhos, a banda traduzia a essência do que se tratava o Doom Metal. Canções lentas com riffs pesados, letras sombrias e extremamente melancólicas mas carregadas de um lirismo acima da média das bandas de Metal e uma atmosfera densa, opressora e desoladora, como uma tempestade de proporções colossais estivesse a se formar acima de nossas cabeças e a precipitar a qualquer momento. Outro elemento a mais que o MDB possuía era a presença constante de violino, piano e passagens eruditas em suas músicas, algo até então incomum no Doom Metal (e no Metal em geral, inclusive), conferindo um perfume ainda mais grandioso e tenebroso em suas músicas. Com o passar dos anos, a banda foi modificando ao pouco a sua sonoridade (mas de forma bem menos radical do que suas companheiras da Peaceville), abrandando um pouco a fúria dos primeiros trabalhos e calcando-se numa atmosfera ainda muito obscura e aterradora embora mais palatável e suave, sem deixar de refinar ainda mais os antigos elementos de suas composições.
Tendo permanecido em atividade constante desde a sua formação, a banda chega ao ano de 2009, após quase 20 anos de estrada, nos entregando o For Lies I Sire. Aqueles já habituados aos trabalhos da esposa agonizante não encontrarão nada muito inusitado neste álbum, de fato. A maior diferença que me saltou aos ouvidos foi a volta do violino em algumas músicas, embora não seja tão constante como nos álbuns antigos, e um approach mais pesado em relação ao álbum anterior (embora não muito, também).
Certamente é um álbum excelente, deliciosamente profundo e obscuro além de bastante homogêneo e maduro, porém senti um pouco a falta daquele "clima" My Dying Bride-esco que tornava a banda reconhecível logo nos primeiros segundos de cada música. Aquela sensação de que o Armaggedon está prestes a cair sobre nossas cabeças e aterrar a todos, ou que estamos prestes a nos adentrarmos num mundo desconhecido e loucamente obscuro digno das histórias do Edgar Allan Poe ainda está lá, mas de forma mais sutil e serena, exceto em duas ou três músicas. Isso é ruim? Nem um pouco, afinal, ainda é My Dying Bride! Mas talvez devido ao amadurecimento da banda e aos longos anos de estrada, o conjunto tenha "amaciado" um pouco a fúria melancólica de outrora.
De todo modo, não há como não considerar este álbum como um dos melhores lançamentos de 2009 desde já. Aliás, o número de bons e ótimos lançamentos nos 2 primeiros meses deste ano é algo a se considerar, realmente temos tido uma boa "safra". E nada melhor para coroar esses dias terrivelmente ensolarados e carnavalescos do que um belo Doom Metal para afundar nosso crânio em desgraça, não é?! ;)
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[2009] For Lies I Sire
01 - Fall With Me
02 - My Body, A Funral
03 - The Lies I Sire
04 - Bring Me Victory
05 - Echoes From A Hollow Soul
06 - ShadowHunt
07 - Sanctuario Di Sangue
08 - A Chapter In Loathing
09 - Death Triumphant
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